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DICIONÁRIO LIBRAS
PROLIBRAS Exame Nacional de Proficiência
INES Instituto Nacional de Educação de Surdos
LSB Material para Divulgação da LIBRAS
RONICE MÜLLER Professora e Pesquisadora
I CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISA EM TRADUÇÃO E INTEPRETAÇÃO DE LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA
Traduzir de sinais para voz é, provavelmente, o maior desafio para os intérpretes das línguas de sinais. A comunicação entre pessoas que falam línguas diferentes, depende de um bom tradutor. São muitos os conhecimentos e domínios necessários para que aconteça uma boa, coerente e real tradução.
Atualmente, temos muitos intérpretes leitores de sinais (transliteram sinal/palavra), porém, não tradutores. O bom tradutor deve saber que mais importante do que traduzir é traduzir para uma língua. Daí a importância do profundo conhecimento da sua própria língua.
Tradução espontânea: é improvisada e que não teve nada preparado. O intérprete/tradutor não teve tempo nenhum para ver previamente o texto ou a "fala" do surdo. Somente a experiência e a práxis facilitarão cada vez mais a atuação em determinadas situações, uma vez que não há como prever o que acontecerá. Exemplos: palestras não programadas, consultas médicas, entrevista para emprego, situações jurídicas, orientações e procedimentos em uma empresa.
Tradução fixa: são traduções de textos/"falas" já conhecidas, como a oração do Pai-Nosso, textos escritos conhecidos, poesias da cultura ouvinte adaptadas para a LIBRAS, textos dos Direitos Humanos, Direitos da Criança, leis, documentos oficiais, atas, peças teatrais com textos decorados. Nessas situações, provavelmente, o tradutor/intérprete terá "in loco" o material a ser traduzido. Detalhe: Ainda que o texto seja o mesmo, cada sinalizador colocará seu registro lingüístico personalizado, seu ritmo, sua poesia, sua personalidade, inclusive podendo ser diferente se comparado à última vez em que ele mesmo sinalizou esse mesmo texto - nunca falamos a mesma coisa da mesma forma duas vezes!
Tradução preparada: situação considerada ideal para uma boa tradução porque o intérprete terá condições de se preparar com antecedência. Exemplos: Defesas de teses, apresentação de TCCs, monografias, palestras científicas, peças teatrais (os tradutores devem participar de todos os ensaios, porque serão "co-atores" durante toda a encenação) e, palestrantes de cidades diferentes das dos tradutores.
São três situações diferentes que requerem níveis de competência específicos nem sempre desenvolvidos por essas pessoas. As maiores dificuldades percebidas nos Intérpretes/Tradutores são:
Fisiólogicos: a própria acuidade visual do tradutor/intérprete.
Psicológicos: atenção, motivação, estado emocional, bloqueios psicológicos, tendência à réplica.
Intelectuais/cognitivos: conhecimento lingüístico, divagação, (pré)conceitos, atitude crítica.
Ambientais: iluminação, conforto, ausência de ruídos.
Metodológicos: abrangência da zona nítida, leitura seletiva, mentalização, automatismo, tempo de mirada.
É fundamental, para o intérprete, o uso do lag-time, esse "tempo de escutar", referido como tempo de mirada, para que se faça uma boa tradução consecutiva. Por que é fundamental?
Permite que o palestrante comece seu discurso, e o intérprete inicie a sua tradução, com um tempo médio de 10 segundos de atraso, para organizar as idéias e evitar a tradução simultânea;
Ajuda para que não ocorra a omissão de conteúdos do discurso, por falta de entendimento ou tempo de leitura, a hipointerpretação.
Evita a substituição de termos errados, descontextualizados.
Possibilita a adaptação da língua-fonte para a língua-alvo, sem a omissão das metáforas, poesia, prosódia, etc.
Importante: se, por força das circunstâncias, o lag-time ficar muito longo (quando um Surdo estiver descrevendo tatilmente algum objeto grande), o silêncio demorado do tradutor poderá tirar um pouco da qualidade da tradução e incomodará os ouvintes que não estão entendendo nada. Uma sugestão, como sinal de que estamos em sintonia com o discurso, é valer-se de produções sonoras.
Palestra "Tradução Libras-Português: Uma Questão Relacional" no V Congresso Internacional e XI Seminário Nacional do INES, de 27 a 29 de Setembro de 2006, no Rio de Janeiro, realizada por Marco Antônio Arriens, Intérprete Internacional.
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